NALDOVELHO

ESPAÇO DEDICADO A POESIA

quinta-feira, agosto 24, 2006

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NALDOVELHO

Têm dias que a poesia amanhece cansada, fastios de desentranhamentos, escassos os versos que eu tento, dias nublados demais! Onde só resta o silêncio e a quietude da alma, pois nem o vento abusado se atreve a invadir-me o quarto, ainda que aberta a janela. Dias de calmaria, coisa incomum nestes tempos de tantos açodamentos.

Têm dias que eu amanheço distante, a trilhar caminhos ausentes, a sonhar vazios presentes, por esperas intermitentes, pois nem sempre eu te vejo ao meu lado, posto que, quando eu te procuro, já não estás mais. E aí é um tal de choro não choro, não sei se vou ou te espero, e o que eu percebo é sempre nublado, embaralhados os pensamentos, que até os versos que eu tenho, confusos e destrambelhados, não transmitem o sentimento, nem o estrago que tudo isto me faz.

Têm dias que eu amanheço tormenta, de poesia inquieta e ardida que por quase nada arrebenta as comportas e deságuam lágrimas densas, que, por tanto tempo reprimidas, espalham poemas, cantigas a dissolver cristalizadas feridas e curar a dor que atormenta.

Têm dias que eu amanheço magia, de pássaros barulhentos, de flores em animada conversa, de sol que exibido se apressa em mostrar as belezas da vida. São dias de sorriso nos olhos, de buscas e esperanças confessas, por saber que por mais que a tormenta me escolha, o poeta sobrevive inteiro no sagrado ofício que eu tenho de ser poesia em festa, aconteça o que acontecer.



1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Oieeeeeeeee Naldo,
estejas certo que estas adotado no meu coração, amo o que escreves, tens um "Q" todo especial
beijos
Lenamais

8:39 AM  

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