TARDE DE DOMINGO

NALDOVELHO
Dúzia e meia de rosas brancas, jarra de vidro, em cima da mesa, sala de jantar. Na estante, junto com os livros, centena e meia de corujas e uma infinidade de pedras: ametista, água-marinha e quartzo... Muitos quartzos.
Um canário belga em sua gaiola a tudo observa e aprova. Na gaiola do lado um canário da terra capricha num solo. Num viveiro, dois outros pássaros: um manon e um mandarim, estranhamente apaixonados, constroem um ninho.
Na sala ao lado: biblioteca, um aquário com mais de três dezenas de peixes, e numa outra estante, anjos, muitos anjos!
Na sala de estar, entrada da casa, duas poltronas confortáveis e três quadros na parede: paisagens áridas e monocromáticas. Numa cômoda, parede dos fundos, uma Bíblia aberta e muitos retratos.
Em todos os cômodos, janelas amplas e abertas. Muita luminosidade ambiente.
Lá fora: domingo, janeiro, tarde nublada. Aqui dentro: silêncio, harmonia, preguiça gostosa e poesia.
Algumas poucas rolinhas desafiam o tempo e perambulam pela sala em busca de alimento.
Quase três horas da tarde, olho para poltrona e percebo: você adormeceu lendo o jornal.Vou até a cozinha, passo um café fresco e o cheiro vai até você. Volto a tempo de ver seu sorriso...
- Acabei cochilando! Café fresquinho, que bom!
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