NALDOVELHO

ESPAÇO DEDICADO A POESIA

domingo, agosto 13, 2006

NADA MUDOU POR AQUI



NALDOVELHO

Por aqui, imagens distorcidas, lágrimas que escorrem corrosivas e um violoncelo ao fundo a compor tristemente o cenário. Não há nada de novo nas horas, nada que se diga nos consola e o vento que varre as entranhas, expõe no homem toda a sua sanha.

Tambores martirizam os ouvidos, despedaçam os sentidos e um cheiro azedo e repulsivo, de mistura de corpos retorcidos, num banho de sangue que à cada dia se renova.Um Teu anjo ao fundo nos lamenta e chora. Muçulmanos, cristãos e judeus, budistas e até empedernidos ateus, todos passageiros de um mesmo barco, todos filhos de um mesmo Deus. Uma jovem senhora, a tudo assiste, ora ao Pai, clemência para os seus filhos, e diz que assim lhe ensinou um outro Filho: - Perdoa-os Pai, eles não sabem o que fazem!

E não há nada de novo nas horas, nada que se diga nos consola e o vento que varre esta terra atiça o fogo, espalha a chama, dissemina a guerra.

Um bando de pássaros sombrios, embevecidos com a cena, à espera. - Quem sabe aqueles que socorrem, possam esquecer fragmentos desta gente?
.
Um bando de anjos, em revoada, trazem mais, dilacerados corpos, tantas almas, tantos ais. E mais obreiros se apresentam ao socorro! Não há nada de novo nas horas, tudo é hoje, como era antes. Até o fato de continuarem a Te crucificar, diariamente, na tentativa de apagar, em nós, todo o ensinamento que deixaste.

Nada mudou por aqui!