CANTO FERIDO DA TERRA

NALDOVELHO
Cheiro de terra molhada,
orvalho abençoando a madrugada?
Pura nostalgia!
Faz tempo, a secura dos dias
impede que se processe
o encanto da primavera.
E assim padeço, agonizo,
por conta de feridas profundas
cicatrizes ardidas, corrosivas.
E o que restou?
Um leito seco onde outrora era um rio,
cinzas espalhadas pra todo o lado,
galhos retorcidos, queimados,
e um certo ar de desesperança
por conta da ignorância dos homens
que nunca respeitaram o seu chão.
O ciclo sagrado da terra?
Perdido por entre queimadas.
Quem sabe um dia, das entranhas,
eu possa ressurgir renovada?
Quem sabe o homem que restou
e que tanto hoje chora
tenha aprendido a lição?
Enquanto isto, em seu bolso, eu percebo,
um punhado de sementes de trigo.
Um fio de esperança de um dia voltar a semear?
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