NALDOVELHO

ESPAÇO DEDICADO A POESIA

terça-feira, agosto 01, 2006

MAR BRAVIO



NALDOVELHO

Mar tão bravio fustiga o rochedo dentro de mim. Força dos ventos, outono de versos, doídos, confessos, poemas dispersos, recolhidos às pressas, retornam as entranhas. Calado o verbo, desafiei a peçonha e não resisti.

Lágrima cristalizada, inquietude latente, as horas que passam, nostalgia presente. Quem sabe um blue possa me definir? Um canto bandido, ardido e espremido, uma garrafa de Vodka já pela metade, um cigarro queimando entre os dedos marcados, um outro esquecido no cinzeiro largado. E mais um Blue! Acho que a Janis Joplin passou por aqui!

Quem sabe as águas que chovem insistentes? São águas de março lavando a cidade. Quem sabe outra música, revelar a saudade? Eu tenho um segredo aprisionado, guardado. Quem sabe a Nana possa me redimir? A Caymmi é claro! A outra é uma poetisa, entendida em desentranhamentos, mas anda lá pelas Gerais, nem aparece mais por aqui! Quem sabe alguém de palavras certeiras, de versos precisos? Quem sabe o remédio que eu tanto preciso possa abrir a janela, renovar o ambiente, me tocar pro chuveiro, jogar fora o cinzeiro? Quem sabe um poema brotando em vertentes faça ressurgir o poeta que acredita na vida? Quem sabe uma outra música? Um piano, uma valsa? Só não quero um bolero, senão eu choro! Quem sabe amanhece e o mar bravio pare de fustigar o rochedo que existe dentro de mim?