NALDOVELHO

ESPAÇO DEDICADO A POESIA

terça-feira, agosto 29, 2006

A CASA DAS COISAS



NALDOVELHO

A casa das coisas guarda coisas preciosas, pequenos cristais reluzentes, sentimentos materializados, tirados de dentro da gente. Guarda também com cuidado o coração de um poeta que pulsa assim afrontado, batendo descompassado por tanto amor que ele sente. Guarda lembranças sagradas, imagens eternizadas, palavras, versos, poemas... Guarda também meus segredos, testemunhos das minhas escolhas, registro dos meus dilemas.

A casa das coisas guarda coisas sagradas: guarda o gosto do último beijo e o cheiro do teu desejo, coisas que eu não esqueço; guarda a lágrima cristalizada que abortada não foi chorada e que até hoje incomoda e arde, encravada, tipo farpa espetada no canto do meu olho esquerdo.

A casa das coisas não tem trincos, não tem fechaduras, nem tramelas, e é lá que mora o meu sonho.

E na parede do quarto está escrito o teu nome e este é mais um guardado precioso e sagrado que a ninguém podemos revelar.