NALDOVELHO

ESPAÇO DEDICADO A POESIA

quinta-feira, agosto 24, 2006

MEU DEUS



NALDOVELHO

Meu Deus é fruto do desgaste da existência através dos tempos. É cristal lapidado pela ação dos ventos, é evolução!

Meu Deus foi forjado no atrito entre a rocha e o mar. É vida que brota, sempre, renovada, cristalina na nascente, e é sol emergindo das águas anunciando um novo dia.

Meu Deus é amor, é mulher, é seda macia, é veneno que mata e ao mesmo tempo recria, é mãe que em seu colo aquece e faz do fruto a semente, é fogo que queima as entranhas e transforma o culpado em criança inocente.

Meu Deus é ventania, é chuva forte, é também calmaria, é cheiro de terra molhada, é cio sagrado da terra, é música que jorra suave, é alquimia. É procura, é labirinto, é miragem, é desencontro, é solidão, é dor de partida, que muitas vezes se faz sem despedida, é saudade do ser amado, é navegar sempre atento, com muito cuidado.

Meu Deus são crianças brincando no parque, são os bichos soltos pelas florestas, é o entardecer e o sol adormecendo em meu quintal.

Meu Deus é noite de lua, é acalanto, é poesia, é o orvalho da noite molhando a cidade, é madrugada de outono, é despertar ao teu lado.

Meu Deus se renova, todos os dias, é imensa esperança, é construção, é também a derrota que tanto ensina, é começar de novo, é não desistir.

Meu Deus é semente, é fruto, é pedaço de pão, é abraço apertado, é carinho ofertado, é aperto de mão, é água da fonte, é água do rio, é água do mar, é nuvem cinzenta, é água da chuva, é transformação.

Meu Deus é envelhecer ao teu lado. Meu Deus é a redenção do pecado, é crescer como ser e atingir a compreensão.