NALDOVELHO

ESPAÇO DEDICADO A POESIA

quarta-feira, setembro 06, 2006

FERIDA DE MORTE



NALDOVELHO

Ferida de morte a palavra se contorce,
se arrasta e agoniza.
E num último alento, desanimada, nos avisa:
faltam ainda escassos poemas,
sentimentos confessos a serem materializados
em versos, epitáfios, doloridos, perversos,
que eu nem sei se valerão a pena.

Melhor nem serem lidos!
E se lidos, melhor não levá-los a sério,
pois as letras se dispõem raivosas,
embaralhas e teimosas se negam
a nos mostrar solidárias,
os seus mais preciosos segredos.
E por tudo que acredito sagrado,
eu me recuso a desentranhar-lhe meus medos.

Melhor seria então o silêncio,
pois sem nexo se fez o enredo
que por piedade precisa ser desfeito.

O que será do poeta
que não encontrou a chave da porta?
O que será do poeta
que na vida não mais se importa?
O que será do poeta
que não consegue abrir as janelas?

Sei não!
Epitáfio nenhum tem sentido
com as letras, desta forma, indispostas.

Por que a palavra foi morta?
Por que tamanho castigo?

1 Comments:

Blogger Lucilaine de Fátima said...

O poeta precisa voltar a sonhar, só assim vai conseguir achar a chave da porta e também abrir as janelas.
As palavras estão mais vivas que nunca porque eu as senti lendo daqui.
Deixa esse epitáfio pra quem fica. Na minha lápide nem quero pensar, eu prefiro voar nas asas de um pássaro selvagem..leia no meu blog, o post que fiz O SONHO...
Desde já eu aviso que não sou escritora, mas, acho que do sonho vc vai gostar.
Apreciei seu blog, foi o Nathan quem passou o link.

Bjo,
Lu

8:08 PM  

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