NALDOVELHO

ESPAÇO DEDICADO A POESIA

quarta-feira, setembro 13, 2006

ESTIAGEM



NALDOVELHO

Estiagem de versos,

securas, ardências,
de noites sem lua,

que envergonhada se esconde.
Para onde foi a amante,

a musa indecente?
E poeta romântico

por onde se esconde?
Poemas estranhos,

cristalizada a essência,
as teclas do piano,

emudecidas, não soam...
Gasturas da vida,

calmaria dos ventos.
A lágrima que não escoa,

que vacila reticente.
O sonho de um tolo,

já não se faz mais urgente.
E os segredos de alcova

confessados entre os dentes?
São sussurros doídos,

grunhidos latentes.
Por onde andará a poesia

que brotava em vertentes?
Quem sabe da semente

lançada ao vento?
Procura-se um tempo

de prendas, presentes,
de novembros tão fartos

e desavergonhadamente tão quentes.
Procura-se um romântico

e um coração descuidado.
Procura-se um tolo,

um poeta descrente.