ESTIAGEM

NALDOVELHO
Estiagem de versos,
securas, ardências,
de noites sem lua,
que envergonhada se esconde.
Para onde foi a amante,
a musa indecente?
E poeta romântico
por onde se esconde?
Poemas estranhos,
cristalizada a essência,
as teclas do piano,
emudecidas, não soam...
Gasturas da vida,
calmaria dos ventos.
A lágrima que não escoa,
que vacila reticente.
O sonho de um tolo,
já não se faz mais urgente.
E os segredos de alcova
confessados entre os dentes?
São sussurros doídos,
grunhidos latentes.
Por onde andará a poesia
que brotava em vertentes?
Quem sabe da semente
lançada ao vento?
Procura-se um tempo
de prendas, presentes,
de novembros tão fartos
e desavergonhadamente tão quentes.
Procura-se um romântico
e um coração descuidado.
Procura-se um tolo,
um poeta descrente.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home