NALDOVELHO

ESPAÇO DEDICADO A POESIA

domingo, outubro 22, 2006

IRACEMA



NALDOVELHO


Uma história de vida, muito mais do que uma lenda que a magia dos tempos buscou preservar. Noite de lua cheia que derramada por inteira, numa louvação a natureza, iluminava aquele lugar. Água de cheiro no corpo, Iracema colhia estrelas para enfeitar seus cabelos que brilhavam qual luz de luar. Flor do campo, delicado jasmim, a roupagem mais linda de um perfumado jardim. Iracema, a bela princesa, purificava o ambiente, muito incenso ali presente: canela, cravo e alecrim.
Foi então que de repente,para um canto que vinha das matas, Iracema sorriu satisfeita. Era um bravo guerreiro que se achegava e se lançava aos seus pés. O enfeitiçado homenageava os muitos encantos da Iara, dizia ter vindo de longe, só pra ver a princesa mais bonita do lugar. Trazia em seus olhos a certeza e em suas mãos uma braçada de flores, junto a um colar de esmeraldas que um poeta chamado Xangô mandou abençoar.
Diz a lenda, que por pura magia, do colo da índia formosa, um olho d´água brotou inquieto e envolveu o nobre guerreiro, que naquela fonte matou sua sede, purificou o seu corpo e por paixão incontida se perpetuou qual semente naquele colo nascente. Depois, cansado da jornada, dormiu o sono dos justos e enquanto dormia se transformou em pedra, guardião daquela fonte e eternamente o companheiro, da mais linda entre as princesas, a filha de Mamãe Oxum! E o olho d´ água se eternizou em nascente e de nascente transbordou cachoeira que depois se fez em rio de águas claras e envolventes que em suas muitas vertentes semeou por aquela terra muitas vidas, outras nascentes, filhos que aqui hoje campeiam, guardiões dos jardins de Oxalá.
E assim me contou esta lenda um velho índio, caboclo mateiro, que sentado em cima de uma pedra dizia ser o poeta, o senhor daquelas terras, certamente um grande guerreiro, que o vento, as matas e o tempo,por amor à natureza resolveram imortalizar.