NALDOVELHO

ESPAÇO DEDICADO A POESIA

domingo, outubro 22, 2006

O DESNUDAR DE UM POETA



NALDOVELHO

Um amontoado de palavras
a denunciar segredos,
sussurrados entre os dentes,
coisas que permaneceram latentes
e que hoje brotam incontroláveis
e se transformam em poemas,
sentimentos paridos,
extraídos, espremidos,
a revelar num amontoado de versos,
verdadeiramente confessos,
um grito ardido, irracional e aflito,
mostrando-me as entranhas,
profanando-me por inteiro.
O desnudar de um poeta
transmuta em beleza o que é feio,
pois feia é a dor da ausência,
do abandono e da amargura;
pois feia e a saudade incontida
que pode levar à loucura;
pois feia é a solidão inclemente
que traz a insônia insistente,
pois feia é a inquietude que eu tenho,
que me transformou num homem
que ao custo de muitas dores,
escreve, assim, coisas tão urgentes.