O JEITO DAS COISAS

NALDOVELHO
O jeito das coisas, o rumo dos ventos,
um vaso de flores, a marcha do tempo,
os olhos abertos, assim sonolentos.
Uma música suave, é sempre uma escolha,
apesar de nostálgica, melodia em tom menor.
A chuva fria e o vento tomam conta da cidade,
o mês é janeiro, mas parece novembro...
Um coração que pretende ter vinte e poucos anos,
é teimoso, não aprende, já passou dos cinqüenta,
acha que agüenta naufragar outra vez.
Um café bem quente, o cigarro entre os dedos,
cartas de tarô abertas em cima da mesa:
o mago de braços dados com a sacerdotisa
e o eremita a buscar uma cura para minha dor.
Entardecer é outra escolha que eu tive que fazer.
Janela entreaberta, anoitece na cidade,
o ruído de passos apressados lá fora,
imagino um moinho na beira de um rio,
imagino sementes trituradas de trigo...
Palavras enlouquecidas a procura de um tema.
O jeito das coisas, o rumo dos versos,
palavras acasaladas, miscigenadas aos sons,
um carinho absurdo em notas dissonantes,
melodias que tendem a falar de saudade.
Mais um ano que hoje se inicia e pouca coisa mudou.
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