NALDOVELHO

ESPAÇO DEDICADO A POESIA

domingo, setembro 17, 2006

LUZ



NALDOVELHO

Por favor, acenda a lâmpada,
se não puder, acenda a lanterna,
também serve à luz de vela,
é que eu quero ver o teu rosto,
me embriagar na nudez do teu corpo,
depois, quero esquecer minhas mãos
apaziguadas em teus seios.
Quero me embaraçar em tuas teias,
quero as tuas presas

enterradas em minhas veias,
alimentar-te com o meu sangue.
Quero morder teus lábios, e beijar teu pescoço,
quero tua boca, quero sugar tua língua,
beber teu suor, tua saliva,
quero todas as coisas indecentes,
aquelas próprias entre amantes.
Quero olhar dentro dos teus olhos
e te ver ter muito prazer,
por ver toda a casa em chamas,
por filetes em brasas espetados,
por marcas viscerais, profundas marcas,
dessas que nunca mais vão cicatrizar.
Por favor, não deixe escurecer,
mantenha a vela acesa.
Não permita que surja o pecado,
não deixe renascer o passado,
nem permita que o futuro nos leve
para algum lugar longe daqui,
onde só restarão as lembranças
e os nossos cortes não cicatrizados,
que volta e meia vão arder,
vão sangrar, vão doer.