NALDOVELHO

ESPAÇO DEDICADO A POESIA

sábado, novembro 25, 2006

AMARGO



NALDOVELHO

Fico em silêncio remexendo em meus guardados, em minhas memórias, em minhas histórias. Luz do quarto apagada e um certo perfume toma conta do ambiente.

Olho pela janela, lá fora chove, chuva fina e impertinente. Aqui dentro a lágrima, teimosa e insistente.

Faz tempo mandei a saudade ir embora. De nada adiantou, ela não foi! Já não bebo mais, Martines e o que ficou foi o vazio... Vazio das tardes sonolentas.

Rádio e televisão desligados, um livro chato fechado sobre a mesa. O título? DA JANELA DO MEU QUARTO. O autor? Já não o reconheço! Provavelmente um romântico, um desses que o vazio desses dias calou.

Acendo um cigarro e o que eu trago é amargo... Melhor pintar um novo quadro, mais uma paisagem deserta, gélida e monocromática. Violão nem pensar! Os acordes teimam em me contrariar.

Daqui a pouco anoitece, vou para a janela do quarto, já não chove! Melhor parar de chorar.

Da casa vizinha, janela ao lado, o som de um piano incomoda e toma conta do ambiente. A mesma música de sempre: “eu sei que eu vou te amar, por toda a minha vida eu vou te amar”.

Temo que esta música nunca mais vá parar de tocar!