NALDOVELHO

ESPAÇO DEDICADO A POESIA

quarta-feira, novembro 22, 2006

VERSOS PERENES



NALDOVELHO

Quando eu escuto,
no agitar incessante do vento,
o assobio inclemente lá fora
e percebo as folhas caídas
atingidas pelo outono que aflora,
percebo também na solidão do meu quarto
a espera enervante das horas
e complacentemente me aquieto e oro.
Peço a Deus que as minhas reminiscências
se mantenham vivas, ainda que latentes,
que as minhas lágrimas sejam discretas,
porém sempre presentes
e que mantenham o poeta vivo.
Peço também, que toda a espera
seja premiada por muitos poemas,
testemunhos dos meus sentimentos.

Quando escuto, em minha memória,
o dedilhar no piano a tanger cordas de enganos,
percebo que as notas imploram
por harmonias que soem urgentes,
numa melodia que se mostre a vertente
de um amor que sobreviveu ao tempo,
por mais forte que tenha sido o lamento,
pois só assim terá valido a pena
alquimizar em mim toda a dor.

E uma vez mais me aquieto e oro,
pedindo a Deus que preserve
do lado esquerdo do meu peito,
um coração capaz de se abrir
sem pudores ou constrangimentos.
Peço também que os meus passos,
não importa em que firmamento,
trilhem sempre caminhos completos
e que eu consiga preservar em meus versos,
a crença que tenho na vida
que sempre valerá a pena ser vivida,
e que eu possa sempre honrar o meu dom.