NALDOVELHO

ESPAÇO DEDICADO A POESIA

segunda-feira, novembro 20, 2006

DE DIA OU DE NOITE



NALDOVELHO

De dia ou de noite,
na rua ou em casa,
sentindo mais forte
o gosto de sangue,
sentindo mais forte
o cheiro da morte.
De dia ou de noite,
na sala ou no quarto,
o grito espetado
qual farpa afiada,
a vida escoando,
fugindo de nós.
De dia ou de noite,
a fome e a sede,
o punho fechado,
a mão levantada,
a ameaça estampada,
o ataque eminente,
o pranto da terra,
o canto de guerra,
o medo, a tocaia,
cada minuto é o último,
respirar eu preciso,
ainda sou um sobrevivente.
De dia ou de noite,
na cidade ou no campo,
a revolta crescendo,
o grito explodindo,
o cheiro de azedo,
o aço cortando,
o fogo queimando
a face de um povo,
de um povo sofrido
na luta eterna
entre o bem e o mal.