NALDOVELHO

ESPAÇO DEDICADO A POESIA

sexta-feira, novembro 17, 2006

POESIA EM RECESSO



NALDOVELHO

Na porta da frente: rastros,
vestígios de passos, sinais evidentes,
tentativas frustradas, tranqüilidade aparente,
um ramalhete de flores depositado num canto
e um aviso ostensivo: favor não perturbar!
Na porta ao lado: silêncio,
fechadura emperrada, inquietude, loucura,
diferentes escolhas, algumas erradas.
Um vaso de plantas, sob o vaso uma chave
e um aviso pendurado: saí, mas volto já.
Na frente da casa: muro de pedras tão cheias de limo,
na caixa do correio, correspondência lacrada,
faz tempo entregue, simplesmente esquecida.
Na casa das coisas: lembranças doídas...
Faz tempo eu evito mexer nos guardados,
faz tempo eu não deixo brotarem os versos.
Poesia em recesso, calmaria, sossego, assim eu proponho
e um aviso enorme pendurada no portão:
cão feroz te aguarda, melhor não ousar.