NALDOVELHO

ESPAÇO DEDICADO A POESIA

quinta-feira, novembro 16, 2006

AINDA QUE SEM SENTIDO



NALDOVELHO

Um laço, um nó, um embaraço,
um emaranhado de linhas largadas
num canto de um quarto.
Perdi o fio faz tempo, só preservei o pavio,
ainda que sem sentido,
pois até a pólvora que eu tinha
o vento soprou e levou.
Um aglomerado de coisas,
entre elas papeis rabiscados,
esboços de imagens, bobagens,
versos doídos, saudades.
Guardei também muitos discos,
apinhados num canto da casa.
Ainda que sem sentido,
pois até a vitrola que eu tinha
a danada da vida quebrou.
Um trinco, um cadeado emperrado,
a porta do quarto, trancada,
móveis e utensílios sem uso,
poeira, ferrugem, passado.
No quintal uma velha goiabeira,
um pé de amora e um balanço...
Ainda que sem sentido,
pois até a criança que eu tinha
o tempo inclemente matou.


1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Amigo Naldo é com imensa satisfação que encontro mais uma vez os seus belos poemas, porém de forma única e bela. Parabéns por tudo o que escreveu dos seus sentimentos de poeta maior e a boa e feliz idéia de fazer um blog. Sucesso, sempre!
Neyde Noronha

5:01 AM  

Postar um comentário

<< Home