CIDADE DOS ANJOS

NALDOVELHO
Portas fechadas, ruas desertas,
nenhuma conversa, janela entreaberta,
silêncio inquietante em quarto minguante
e o telefone se toca, desculpe, é engano!
Cidade vazia, distante e perversa,
sobrou seu perfume e um livro estranho.
Cidade dos anjos, caídos, sem sonhos,
de asas quebradas não podem voar.
Sobrou um poema de versos profanos
e na madrugada vazia de planos
um bolero arrastado, um tango e um blues,
avisam que o dia ainda custa a chegar.
E mais uma dose de pura aguardente...
A sede que eu tenho já faz tantos anos,
cicatrizes que trago, a maioria latentes,
algumas ardidas ainda sangram se toco,
outras antigas exibidas nos olhos,
vez por outra ainda choram
se me ponho a lembrar.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home