NALDOVELHO

ESPAÇO DEDICADO A POESIA

sexta-feira, novembro 17, 2006

É MUITO TARDE...



NALDOVELHO

Percebo a chama que alimenta o drama,
refaço os laços, os traços, os passos,
remexo com cuidado, objetos, guardados,
pedaços de quartzo que ainda brilham,
pequenos adornos, jóias, contornos,
alguns poucos retratos amarelados pelo tempo,
muitos segredos, vivências, enredos,
alguns mal resolvidos ou inacabados,
lágrimas reprimidas choradas pra dentro,
dores não paridas, cristalizadas que estão.

Percebo a distância que assola meus dias,
percebo o silêncio no qual eu me abrigo,
releio algumas cartas, romances antigos,
descubro que a saudade, ainda hoje, mora comigo,
divide a minha cama e às vezes reclama,
necessita mais espaço, pretende crescer.

Descubro alguns poemas no fundo de uma caixa,
lirismo engavetado, faz tempo não ouso
permitir novos carinhos, escolhas, caminhos,
deixar que coração se liberte da razão.

Percebo a janela mantida entreaberta,
e um vento forasteiro a sacudir as cortinas,
perfume de alfazema a invadir o meu quarto,
e a lua por vingança, não responde ao meu chamado,
diz que é muito tarde, precisa amanhecer.

1 Comments:

Blogger Angélica Teresa Almstadter said...

Nunca é tarde pra um poeta, aliás sempre tudo é novo e curtido em minúcias. Finalmente achei tempo pra vir bisbilhotar aqui, e meu Deus! Tô adorando tudinho.
Beijo e carinho proc~e meu doce poeta.

2:59 PM  

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