NALDOVELHO

ESPAÇO DEDICADO A POESIA

sábado, novembro 25, 2006

INVERNO AQUI DENTRO



NALDOVELHO

Água que brota inquieta da fonte,
que jorra em meu quarto, inunda a cama
e faz corredeiras lá dentro de mim.
Vento macio que varre a cidade,
que leva pra longe as cinzas do outono
e deixa no ar nostalgia e abandono.
Nuvem cigana de chuva insistente,
transbordam as lágrimas assim descontentes,
parimento de versos que eu ouso escrever.
Notas dissonantes, harmonias estranhas,
melodia incontida, desentranhada profana,
cantigas, toadas que eu ouso compor.
Erva ardida, de sumo espremido,
remédio que eu tomo pras dores que eu temo,
dores de sentimentos... Alivia-me os ais!
Telas que eu pinto, profusos matizes,
paisagens geladas, solitárias, desertas,
revelam lembranças que eu nem sei precisar.
Madrugadas insones de saudades latentes.
Pensamentos confusos, difusos, insanos,
revelam escolhas, conseqüências, enganos.
Palavras que eu guardo preciosas comigo,
bagagens que eu levo, incertezas, castigo,
coisas cristalizadas que eu não consigo dissolver.
Amanhecer sonolento, nubladas as horas,
um café, um cigarro, não importa o tempo,
outono lá fora, inverno aqui dentro.

1 Comments:

Blogger Portal Versos & Acordes said...

As imagens foram bem selecionadas, as pinturas e as fotos estão formndo um par perfeito com sua poesia.

2:37 AM  

Postar um comentário

<< Home