NALDOVELHO

ESPAÇO DEDICADO A POESIA

terça-feira, janeiro 16, 2007

EM MEU PEITO



NALDOVELHO

Em meu peito eu percebo:
cicatrizes tão doídas,
tantas farpas espetadas,
vez por outra ainda doem,
toda a vez que o tempo muda
reacendem-se os meus ais.

Uma artéria entupida,
algum sangue coagulado,
respiração anda ofegante,
batimento acelerado,
inquietude insistente,
sentimentos sufocados,
uma insônia contumaz,
nostalgia vive solta,
fez morada em meus poemas,
foi embora nunca mais.

Em meu peito eu percebo:
queimaduras bem recentes,
o conflito eminente
entre o anjo e o diabo,
toda a vez que a lua atiça,
sinto areia movediça,
sinto um rio de águas quentes
e me afogo um pouco mais.

Em meu peito eu percebo
um carinho ofertado,
ainda estás nos meus guardados,
não importa a distância,
sobrevive a esperança,
são lembranças preciosas,
e a marca dos teus dentes
ainda guardo de presente,
e o cheiro de alfazema
ainda está no ambiente...
São gasturas, que eu confesso,
entranhadas em meus versos,
toda a vez que eu abro a porta,
a saudade diz presente!

Em meu peito eu percebo
tua imagem tatuada,
estiagem, abandono.