NALDOVELHO

ESPAÇO DEDICADO A POESIA

terça-feira, janeiro 16, 2007

EU NEGO



NALDOVELHO

Qualquer coisa que digam
que possa relacionar-me a tua pessoa,
eu nego!
Veementemente nego!
Nego que te ame,
ou mesmo que a qualquer tempo
tenha te amado como dizias.

Nego que tenha, a qualquer pretexto,
me debruçado em versos
que dissessem da minha saudade,
da ausência que costumeiramente me invade,
ou mesmo da danada da nostalgia
que o poeta sente e se ressente
por ter te amado como dizias.

Nego até que eu seja um poeta!
Um desses que costuma desencravar poemas
por conta de desencontros,
de dor de partida, de coisas mal resolvidas!
Acredite: eu nego!

Nego que acredite em feitiços,
em outono, em invernos...
Primavera então, nem pensar!
Irritam-me as flores e os pássaros
e tudo aquilo que costumam inspirar.

Nego que o ar que eu respiro
seja impregnado por tua essência,
se me lembro bem, alfazema!
E qualquer coisa que digam
é a mais pura e absurda fantasia.

Nego até que o sol insistente,
contra a minha razão e vontade,
nasça pela manhã, todos os dias...

Só uma coisa eu confirmo:
sou um mentiroso confesso.
Isto eu não posso negar!